A chegada de junho transforma o Ceasa-PE em um verdadeiro coração pulsante do São João. Mais do que números impressionantes de vendas e veículos em circulação, o Pátio do Milho 2025 carrega histórias de resistência, tradição e inovação. A feira, que oficialmente começa nesta sexta-feira (6), vai muito além do comércio: é ponto de encontro de culturas, famílias produtoras e personagens que, ano após ano, fazem da festa uma experiência viva e autêntica.
A tradicional feira junina, considerada o principal polo de comercialização de milho verde do estado, atrai compradores de todo o Nordeste e, em 2025, chega com novidades estruturais, operacionais e culturais. Mas, por trás das melhorias e números, estão as mãos calejadas do produtor rural, o entusiasmo do vendedor de primeira viagem, o orgulho do bacamarteiro e o esforço coletivo para manter acesa a chama do São João.
Logo às 5h da manhã da sexta-feira de abertura, os corredores do Ceasa ganham vida com o 15º Encontro dos Bacamarteiros do Ceasa, reunindo mais de 800 participantes de cerca de 40 cidades. A ASSUCERE, organizadora do evento, garante que o ritual mantém viva a identidade sertaneja, com cortejos, forró pé de serra, comidas típicas e muita emoção.
Este ano, a grande inovação é o uso de drones para monitoramento de segurança, trânsito e limpeza. A tecnologia, regularizada pela Anac, traz uma visão panorâmica em tempo real do entreposto. Para o agente operacional Cláudio Nascimento, o equipamento representa mais do que segurança: é um símbolo de modernização sem perder as raízes.
Mesmo com a estiagem prolongada e o atraso nas chuvas, cerca de 9 milhões de espigas de milho verde devem ser ofertadas durante o mês. Apesar de uma leve redução em relação ao ano passado, a chegada de novos grandes produtores promete manter o abastecimento e até gerar excedente.
É o caso de dona Severina Lopes, 54 anos, produtora de macaxeira e milho em Vitória de Santo Antão. Este será o primeiro ano dela no Pátio do Milho. “Plantamos com fé, mesmo sem chuva. Saber que o Ceasa nos recebe com estrutura, segurança e espaço justo já é uma vitória”, relata com os olhos marejados.
Com estimativa de 200 mil veículos circulando no Ceasa em junho — e picos diários de até 40 mil —, a logística é intensa. Entre os dias 14 e 24, o centro opera em regime de plantão 24 horas. Para muitos comerciantes, esse é o mês que define o ano.
“É o momento de garantir o sustento da família. Em uma semana boa, consigo vender o dobro do que vendo em um mês comum”, explica Renato Silva, 39 anos, que monta sua barraca de milho há mais de 15 anos no mesmo ponto do Pátio.
Com reforço na segurança, presença ampliada do Detran e da Polícia Militar, equipe de limpeza dobrada e programação cultural rica, o Ceasa-PE mostra que é possível unir tradição, planejamento e modernização. Como resume o presidente do Ceasa, Bruno Rodrigues: “O São João não começa nas fogueiras nem nas quadrilhas. Ele começa aqui, com cada espiga de milho colhida e cada história que atravessa esse pátio.”