Um crime que chocou moradores do bairro de Enseadas dos Corais, no Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, segue sendo investigado pela Polícia Civil de Pernambuco. O assassinato de um caminhoneiro de 60 anos, executado a tiros dentro da própria casa, teve um desfecho ainda mais perturbador: a principal suspeita é a própria filha da vítima, que confessou ter participado do plano para matá-lo, supostamente por interesse na herança avaliada em cerca de R$ 2 milhões.
Segundo a polícia, a jovem — que teve a prisão preventiva decretada — demonstrou uma frieza impressionante. “Ela não esboçou qualquer reação no momento da prisão, nem mesmo ao ver a mãe em estado de choque”, declarou o delegado Rodrigo, responsável pelas investigações.
As investigações revelaram que não houve sinais de arrombamento na residência, e câmeras de segurança flagraram a chegada dos suspeitos ao local dentro do carro da própria filha da vítima. Imagens também mostram o momento em que ela fez uma ligação para a mãe, o que contradiz o cronograma inicialmente apresentado em seu depoimento.
A jovem teria tentado encobrir o crime ao apresentar uma versão que, logo no início, soou inconsistente para os investigadores. Ela afirmou que havia chegado sozinha à casa e que homens armados invadiram o local em seguida. Porém, confrontada com registros de vídeo e contradições temporais, confessou o envolvimento no crime no mesmo dia.
Ainda de acordo com o depoimento, dois homens teriam sido contratados para executar o assassinato, mas a polícia apura se essa versão é verdadeira ou se ela tenta proteger outros possíveis cúmplices.
Um detalhe que chamou a atenção dos investigadores foi o comportamento da jovem após os disparos: ela teria aguardado cerca de 15 minutos antes de pedir socorro. Vizinhos relataram ter ouvido os tiros, seguidos de um período de silêncio, até que surgiram os gritos da suspeita. A frieza com que lidou com a situação, mesmo na presença da mãe devastada, reforça a complexidade emocional e psicológica do caso.
Apesar da brutalidade do crime, pessoas próximas relataram surpresa com a motivação, já que a relação entre pai e filha parecia harmoniosa. “Pareciam muito próximos. O que mais nos chamou atenção foi essa quebra de expectativa: ela aparentava ter carinho pelo pai”, disse o delegado.
As investigações continuam em andamento para identificar outros possíveis envolvidos e entender todos os detalhes que levaram à execução do crime. A jovem segue presa, à disposição da Justiça.