A Câmara Municipal de Bonito aprovou, na última sessão, o projeto de lei que cria o Conselho, o Plano e o Fundo Municipal de Cultura, mas desconsiderou todas as emendas apresentadas por produtores culturais da cidade. As propostas rejeitadas buscavam corrigir falhas do texto original, estabelecer diretrizes mais claras e garantir maior representatividade para diferentes segmentos culturais.
Entre os pontos ignorados estavam a previsão da Conferência Municipal de Cultura, a composição paritária do Conselho — com cinco representantes da gestão pública e cinco da sociedade civil, eleitos por fóruns setoriais —, a definição precisa das diretrizes do Plano e a obrigatoriedade de o Conselho aprovar o regulamento do Fundo, conforme determina a legislação federal.
As emendas haviam sido previamente discutidas com o secretário de Turismo e Cultura, Jobson Salles, que sinalizou concordância com boa parte das sugestões. Produtores culturais também se reuniram com a presidente da Câmara, vereadora Eiji, e os vereadores Valdiane, Didi do Paed (que não compareceu à votação) e Carlinhos Vilela, além de um representante do setor jurídico da Casa. Apesar disso, nenhuma das alterações foi apresentada durante a votação, e os agentes culturais não receberam justificativas para a decisão.
Durante a sessão, alguns vereadores chegaram a afirmar em plenário que “não foram procurados”, embora os agentes culturais tenham protocolado as emendas junto à presidência da Câmara e a parlamentares da base governista.
Os vereadores de oposição, Júnior Heráclio e Paulinho de Devá, solicitaram a retirada do projeto de pauta para que as sugestões pudessem ser incluídas, mas o pedido foi rejeitado. A maioria da base do governo votou a favor do texto original, gerando críticas de produtores culturais que consideraram a decisão um retrocesso para a construção de uma política cultural democrática no município.