O Ministério da Saúde recebeu, nesta quinta-feira (9), no Aeroporto de Guarulhos (SP), a primeira remessa do antídoto fomepizol, utilizado no tratamento de intoxicações causadas por metanol — substância tóxica frequentemente encontrada em bebidas alcoólicas adulteradas e produzidas de forma clandestina.
Ao todo, 2,5 mil unidades do medicamento chegaram ao país. Destas, 1,5 mil começaram a ser distribuídas ainda nesta quinta-feira, com prioridade para o estado de São Paulo, que concentra o maior número de casos de intoxicação. Pernambuco também será contemplado, com o envio de 68 unidades do antídoto.
Outros estados com registros confirmados receberão remessas nas próximas horas, entre eles Paraná (84 unidades), Rio de Janeiro (120), Rio Grande do Sul (80), Mato Grosso do Sul (20), Piauí (24), Espírito Santo (28), Goiás (52), Acre (16), Paraíba (28) e Rondônia (16). O Ministério da Saúde manterá mil ampolas em estoque, e novas remessas poderão ser solicitadas conforme a demanda.
Segundo a pasta, o volume enviado a cada localidade foi calculado com base em dados populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A compra foi viabilizada por meio do Fundo Estratégico da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), com fornecimento feito por uma subsidiária de uma companhia japonesa.
O fomepizol é considerado um medicamento raro — classificado como “órfão” —, produzido em pequena escala mundialmente. Para garantir a continuidade do tratamento no país, o governo federal anunciou a compra de mais 5 mil unidades adicionais, com validade estimada em dois anos.
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Mariângela Simão, explicou que o medicamento age diretamente contra os efeitos do metanol no organismo e que o governo também está reforçando a oferta de etanol farmacêutico, outro antídoto que pode ser usado de forma emergencial, sob prescrição médica.
“O ministério ampliou o protocolo de suspeita de intoxicação para casos com sintomas entre seis e 72 horas após a ingestão da bebida, já que as pessoas começaram a adoecer em intervalos menores”, detalhou Simão.
O presidente da Anvisa, Leandro Safatle, informou que cerca de 5 mil agentes de vigilância, policiais e servidores do Ministério da Agricultura estão sendo treinados para lidar com situações de contaminação e fiscalização de produtos suspeitos. A ação ocorre em parceria com o Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Produtores de Bebida.
Além do lote de fomepizol, o Ministério da Saúde também receberá 12 mil ampolas de etanol farmacêutico doadas pela empresa Cristália Produtos Químicos e Farmacêuticos, que se somarão às 4,3 mil unidades já disponíveis no SUS.