A Associação dos Produtores de Freixeiras, na zona rural de Chã Grande, recebeu nesta quinta-feira (19) a primeira edição do Encontro de Alimentos Biofortificados do município. O evento reuniu agricultores da região que já produzem a batata doce biofortificada e especialistas da área, como o pesquisador Erbs Cintra, do IF Sertão, e Marília Nuti, líder da Rede BioFORT e pesquisadora da Embrapa. O prefeito, Sandro Advogado, e o vice, Joel Gomes, também estiveram presentes, além do secretário de Agricultura, Joseildo Martins.
Durante o encontro, os produtores locais trocaram experiências e tiraram dúvidas acerca da produção de batata bioforticada com os especialistas, como o professor Erbs Cintra e a pesquisadora Marília Nuti, que empresta o seu nome ao tipo de batata doce produzido. Essa foi a primeira vez que a pesquisadora esteve em Pernambuco para conhecer de perto as experiências, desenvolvidas a partir de 2001, que tem como foco a segurança alimentar e nutricional das pessoas, além de gerar renda para os pequenos agricultores.
Após o primeiro contato na sede da Associação de Freixeiras, os participantes se dirigiram até uma propriedade rural, na mesma região, que já produz o alimento. No local, a agricultora Maria das Graças apresentou o seu cultivo de batata doce biofortificada. “A minha filha um dia chegou com a batata e falou do projeto. Eu disse ‘vou acreditar nesse projeto e vou plantar’. Eu plantei uma raminha e comecei fazendo mudas, e estou acreditando muito nesse projeto, que vai dá certo”, comenta. “Vai ser uma melhora pra nossa vida”, complementa a agricultora, que também já provou do alimento: “ela tem um gostinho um pouco de cenoura, mas ela é gostosa, é muito boa”, revela.
Presente desde o início no projeto local, o professor Erbs Cintra destaca a importância da iniciativa entre os agricultores chã-grandenses. “O grande diferencial de Chã Grande que eu costumo dizer é que os agricultores abraçaram, o poder público abraçou. E o resultado disso é o que a gente pode acompanhar. As áreas de batata doce biofortificada se multiplicam no município, gerando emprego, renda, melhoria da qualidade de vida da população, e servindo de base alimentar riquíssima”, comenta.
A iniciativa une diversos atores, como a Prefeitura Municipal, através da Secretaria de Agricultura, a Rede BioFort e o Instituto Federal de Pernambuco, por exemplo. Com essa proposta, o município ganha uma ferramenta importante no desenvolvimento da técnica, que pode ser estendida a outros alimentos.
O projeto começou pelo sítio Palmeiras, de onde se expandiu também para Freixeiras e Macacos. Segundo o secretário Joseildo Martins, a proposta é aumentar ainda mais a área de atuação. “Aos poucos nós sentimos a necessidade da gente levar esse produto para outras comunidades. E o projeto visa ampliar para outras regiões do município. Nossa ideia é fazer com que outras pessoas conheçam o produto biofortificado e ele possa gerar renda pro agricultor e também trazer segurança alimentar”, explica.
E os produtos oriundos dessas comunidades rurais de Chã Grande já pode ser consumido diariamente por uma parcela significativa da população local. A Prefeitura Municipal incorporou a batata doce biofortificada dentro do cardápio das cozinhas comunitárias, que por mês ofertam 4 mil refeições a famílias em situação de vulnerabilidade social. Além disso, parte do alimento também é destinada às escolas municipais e ao Hospital Geral Alfredo Alves de Lima, o que garante que o agricultor tenha o destino certo para comercializar o seu produto.
De acordo com os números divulgados, a produção de batata doce biofortificada tem a previsão de gerar, em média, 3.300 kg em cada período de colheita no município, o que gera, por ano, em torno de 9 toneladas de batatas. Isso acontece pelo fato de o alimento biofortificado produzir em média três ou quatro vezes por ano, numa quantidade consideravelmente maior que os tipos já conhecidos pelo público, mas que não são produzidas na região.