O dia 18 de maio é lembrado nacionalmente como o dia de luta antimanicomial. Profissionais de saúde, especialistas e defensores dos direitos humanos, por exemplo, defendem um tratamento cada vez mais humanizado para pessoas que precisam do atendimento na área psicológica. Em Chã Grande, a data foi lembrada nesta quinta-feira (22), com uma programação especial.
O Centro de Atenção Psicossocial Antônio Batista Carneiro (CAPS-ABC) recebeu os seus usuários com uma oferta de serviços de saúde, como aferição de pressão arterial, teste de glicose, exames rápidos de HIV e sífilis, além de palestras. O momento foi coordenado pelo diretor da unidade, o psicólogo José Adelmo,que destacou a importância da campanha.
“Ao longo dos anos, o trabalho tem evoluído bastante. Nós temos realmente a meta de trazer essas pessoas a viver no convívio social, viver na sociedade, no convívio familiar, pois antes viviam nos manicômios, aprisionadas, dilaceradas e em sistema vulnerável. Hoje, essas pessoas têm total liberdade de fazer e continuar o seu tratamento de uma forma que estejam ao lado de seus familiares”, destaca Adelmo.
A aposentada Maria das Dores, que há dez anos faz uso do serviço disponibilizado no CAPS-ABC, fez questão de participar da programação. Ela relata , através de sua vivência, a importância do trabalho humanizado oferecido no local. “Eu me sinto ótima, maravilhosa. Aqui é uma casa de família. Adelmo e as meninas que trabalham aqui me tratam muito bem”, diz a aposentada.
O mesmo relato pode ser observado numa conversa com outros usuários, e até com familiares, como é o caso da dona de casa Marta Severina, que acompanha a sua mãe, usuária do serviço desde o início. “Eu percebi que depois que ela passou a ser acompanhada pelas pessoas dessa casa, ela teve uma boa melhora”, disse.
Defensor do tratamento humanizado na saúde mental, o psiquiatra Flávio Marcílio, que atende na unidade, destaca a importância de se tratar o tema. “Foi um verdadeiro marco no tratamento da psiquiatria quando a gente tirou essas pessoas que viviam em verdadeiras prisões, sem que tivessem cometido crime nenhum, e que a gente pudesse trazer elas pro convívio da sociedade, integrar elas, com as limitações que a doença traz, como qualquer outra doença. Tratamento humanizado é o caminho”, afirmou o psiquiatra.
Em Chã Grande, a saúde mental é tratada como prioridade. Tanto que o município foi um dos primeiros da região a dispor de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), fruto do empenho de Quitéria Lúcia (in memorian), que ao longo de sua atuação lutou por inclusão social e respeito. Além do CAPS-ABC, também fazem parte da rede as residências terapêuticas, que abrigam pessoas oriundas de hospitais psiquiátricos, dando-lhes a oportunidade de desfrutar de um lar, sentimento privado em boa parte de suas vidas. “A meta do serviço de saúde mental, juntamente com a Prefeitura de Chã Grande e a Secretaria de Saúde, é acompanhar e cuidar dos nossos usuários e familiares”, finaliza Adelmo.